quarta-feira, 14 de abril de 2010

O primeiro passeio...



No início de 2008, com um mínimo de conhecimento sobre o assunto, incentivado pelos amigos de pedal, dei uma pequena melhorada na minha bike, que consistia numa Caloi Aspen, quadro de ferro, já bem batidinha. Todo empolgado, troquei o quadro por um de alumínio, movimento central selado Shimano, freios V-Brake
genéricos, câmbios TZ 30 da Shimano, trocadores Yamada e pneus novos. Gastei uma pequena fortuna, mas o quadro Rally USA, todo em azul, era lindo! Ah, como eu inflava o meu ego quando alguém mencionava que minha bike era bonita!




Ora isso merecia uma comemoração!
Assim nasceu meu primeiro ciclo-passeio. Alguns meses antes eu lera um relato de um cicloturista que, aos 53 anos, pedalara de sua cidade natal até a Chapada dos Veadeiros - Lembro-me que era uma distância enorme! Esse relato me encantou!
Lógico que eu nao tinha o mínimo preparo para fazer um percurso como aquele. Eu iria apenas da cidade de Charqueada a Rio Claro, cidades do interior do Estado de São Paulo. Seria apenas pouco mais de 70 Km, mas para mim, naquele momento, soava como a volta ao mundo!
No dia aprazado, levantei pela manhã, coloquei umas poucas coisas numa velha e surrada mochila vermelha, tomei um café reforçado, garrafinha cheia de água, coração batendo forte, ansiedade a mil, e fui eu pedalando livremente por aquele acostamento cheios de folhas secas, caídas da cana que os treminhões transportavam.

Era o mês de maio, portanto a brisa fresca da manhã de outono acariciava o meu rosto. Eu estava feliz, livre e solto como na adolescência. O canto dos pássaros se misturava aos sons dos pneus cravudos que rasgavam o asfalto, numa doce e alegre sinfonia. Ao mesmo tempo, as paisagens bucólicas emolduravam, como numa obra de arte, aquele momento lindo.





Logo cheguei a Ipeúna, cidade distante 17 Km de Charqueada.




Após pedalar mais um pouco, mais 17 Km indicava a placa, 
e eu estaria em Rio Claro.



Eu descia, eu subia. Era gostoso ver as 
paisagens irem se sucedendo...





Logo avistei a cidade de Rio Claro.






Menos de 40 Km pedalados, já bastante cansado, ali estava eu numa das praças daquela bela cidade.
A foto não ficou boa, mas o que fazer? Eu pedira para um senhor tirar e ele tremeu a câmera.


Tinha um pessoal treinando capoeira e eu resolvi fotografá-los.



A máquina não era grande coisa, mas servia para registrar aquele momento de vitória, de meta semi-alcançada. Semi porque havia a volta. Ah, a volta. As descidas se transformariam em subidas e as subidas em descidas. Surge então a pergunta cruél: Eu descera mais ou subira mais para chegar até aqui? PIOR!!! Eu descera!!!
Então, vamos voltar.



Já comecei subindo, mas ainda era cedo para sentir 
qualquer coisa. Apenas o sol, agora já próximo 
a hora do almoço estava quente, muito quente!


Eu só tinha uma pequena garrafa de água e esta tinha que durar até a chegada de volta em Ipeúna.


A volta foi difícil, muito difícil! O calor estava insuportável.




Aqueles poucos km se transformaram numa enorme distância. Meu "bum-bum" não acostumado ao selim reclamava insistentemente. Minhas pernas não agüentavam pedalar mais e eu tinha que descer da bike e empurrar. Qualquer subidinha se transformava numa serra interminável.
Parei em Ipeúna para reabastecer a água. Descansei um pouco, mas tão logo retornei ao pedal o cansaço e as dores musculares se abateram novamente sobre mim. Algumas horas depois de Ipeúna e muitas horas depois de ter saído de Rio Claro, quando vi a placa abaixo, me senti no céu!
Eu estava chegando... chegando...

Cheguei!!!




Minha doce esposa quando me viu hiper cansado, vermelho como um pimentão, pois eu não levara protetor solar, me deu uma bronca danada. Me chamou de louco. Mas, mesmo cansado, queimado, eu sentia a minha alma flutuar de alegria. O meu íntimo agradecia a Deus e gritava: eu consegui, eu consegui!!!
Assim foi o meu primeiro passeio. Precursor de muitos que viriam nos anos seguintes.




“Sem dizer palavra, sem imaginar nada,
com o infinito amor na alma que tudo quer,
vou longe, muito longe...”



Arthur Rimbaud – Poeta Francês.

2 comentários:

Michel Schanuel Girardi disse...

Grande Waldson! Obrigado pela visita e comentário no meu blog.
Gostei de ler a sua primeira grande aventura com a azulzinha (ela é bonita mesmo)! Todas as dificuldades momentâneas, como a preocupação com a água, o corpo dolorido, etc, tornam a história melhor depois! rsrs

Continue pedalando firme! Vou passar por aqui pra ver as novidades.
Abraço!

Anônimo disse...

Grande, Waldson!!! Parabéns pelo blog, guri (porque és apenas um guri antigão, tenho certeza)!

Andei reformando a minha bike e, ao olhar seu post... surpresa! Olha a irmã da tua bike aqui, ó: http://www.odois.org/fotos.php?100410&0&54 (pintura escolhida à dedo! heheeh)

Há braços!!!